Desorganização e desrespeito aos atletas marcam edição do Iron Biker

O Iron Biker já foi uma das principais provas de XCM do Brasil, no final dos anos 90 era sinônimo do verdadeiro mountain bike mineiro, com percursos duros, singles técnicos e muita altimetria. Com o passar dos anos, a prova cresceu e foi atraindo um número cada vez maior de participantes.
Iron Biker 2015
“Falta de fiscalização e desorganização prejudicaram a nossa equipe no Iron Biker de 2015” (Darley Cardoso / Tripedal)
No entanto, a qualidade técnica da prova diminuiu consideravelmente, a competição e os atletas de alto rendimento foram deixados de lado em prol do ciclista amador e de passeio. Posicionamento este, que muitas empresas de eventos esportivos têm tomado para conquistar mercado, mas que infelizmente, apesar de sustentável não colabora para a evolução do esporte e dos atletas em níveis internacionais.
É importante que fique claro, que não há problema em participar do evento pela festa e a confraternização promovida pelo esporte, certamente são estes fatores que continuam mantendo o sucesso da prova apesar das constantes reclamações dos atletas. Inclusive, este é um ponto positivo e que é importante para atrair mais pessoas para o esporte.
Os problemas relatados são sempre os mesmos a cada ano, referem-se a desorganização, demarcação de percurso, muita gente cortando caminho, pontos de apoio deficitários, conflitos de percurso entre o pessoal iniciante/reduzido e o completo, atletas que disputam posição sendo prejudicados, erros de cronometragem e a absurda fila de vistoria no final da prova.
A questão é que faltam eventos de qualidade técnica no Brasil para que nossos atletas possam evoluir e competir internacionalmente com chance de ter bons resultados, e se as principais provas ficarem cada vez mais fáceis e desorganizadas nunca teremos brasileiros vencendo lá fora.
Se você é um fã do Iron Biker, por favor não fique chateado com as críticas, esperamos que elas sejam construtivas, pois queremos a evolução do nosso esporte em todos os sentidos, que seja inclusivo para quem está começando e que seja justo para quem está disputando.
 

Leia alguns relatos de atletas que participaram da última edição do Iron Biker:

 

Silvinho AmorimInfelizmente o Iron Biker não é mais o mesmo, prova repleta de estradão com poucas trilhas, era 2.000 de subidas e 97km mas a prova terminou com 1.500 de subida e 10k a menos…” Silvinho Amorim (Campeão Panamericano de MTB, Campeão Brasileiro de MTB XCM e XCO, Tetracampeão do Iron Biker)

Isabella LacerdaEsse final de semana competi o Iron Biker Brasil após 7 anos da minha última participação!
Ontem foi a primeira etapa, 89km e a etapa mais polêmica. A marcação da prova estava muito ruim e pouco sinalizada, quase nenhum fiscal em pontos de bifurcação. Resultado disso foram mais de 200 pessoas que se perderam e erraram caminho, e eu infelizmente fui uma delas. Estava com um grupo de quase 40 pessoas inclusive outra atleta da elite feminina, descemos e subimos o mesmo lugar 2 vezes e por fim encontramos o percurso novamente. O problema que isso encurtou em 2km no total da prova, mas só descobrimos isso no decorrer da competição. Até então tínhamos em mente que havíamos perdido muito tempo e posições. Continuei a prova rodando forte em busca do tempo perdido e venci a etapa. Quando cheguei informei ao pessoal da minha equipe sobre o ocorrido e eles conversaram com a organização e demais atletas sobre o ocorrido. Como foram mais de 200 atletas que erraram o percurso entraram em um acordo sobre meu caso de me penalizar em 10 minutos, colocando a 2 colocada em 1 e todas as demais da elite em 2 lugar. Mesmo assim algumas atletas da Elite me insultaram e faltaram com respeito comigo antes da largada de hoje.
 
Não conheço nenhum percurso de Mariana e região, e nunca precisei ganhar competição no grito e sendo desleal. Venço as provas é na perna, dentro das pistas. E foi isso que fiz quando deu a largada para os 64km da prova hoje. Larguei em um ritmo muito forte abrindo uma grande diferença logo nos primeiros km de prova. Mas infelizmente faltando 8km para terminar a prova tive problemas mecânicos que não foram possíveis ser reparados e empurrei até a linha de chegada, finalizado em 6 lugar. Perdendo também o título devido as colocações por pontos. Não venci a prova devido ao problema e elas viram isso. Sempre venci DENTRO das pistas. Deus sabe o que faz!” Isabella Lacerda (Campeã Brasileira de MTB XCM)

Luiz EugênioGostaria de saber da “organização do Iron” se a competição será cancelada, pois TODOS os resultados estão errados, foram mais de 100 atletas no erro de percurso, e o pior de tudo é que o trajeto em que passamos estava marcado por fitas amarelas que indicam o caminho correto, ou seja, ninguém no momento ficou sabendo do erro, apenas alguns poucos que ficaram parados, quando os atletas da elite nos passaram imaginamos na hora que eles também pudessem ter errado, fico extremamente chateado pois minha colocação foi 2º lugar, mas eu jamais precisaria ou gostaria de me beneficiar com tal erro para subir ao pódio pois sei que não preciso disso e vim preparado para subir ao pódio por minhas próprias forças, infelizmente mais uma vez venho ao iron para me decepcionar, treino, investimento, família, e tudo que envolve essa preparação passa pela minha cabeça no momento. (…)
 
E por favor não julguem os atletas que não se “alto desclassificaram” o erro foi todo da organização. Como uma competição que se diz “internacional” oferece esse tratamento aos atletas?
 
Estive há poucos dias no Campeonato Brasileiro de Maratona organizado pela FECIERJ e CBC, exemplo de organização (8 ambulâncias pelo trajeto, milhares de staffs, outro nível), estou acostumado a ser tratado estilo Mario Roma (Brasil Ride), Big Biker, ACM Mariana, Avelar Sports, Ronaldo E. Rios, Zanini JF, são ai exemplos que temos de organizadores que amam o esporte antes do lucro, eu tenho embasamento para dizer quando somos bem tratados e quando não somos, tenho parâmetros para isso.
 
Imaginem um atleta profissional trabalhando (correndo) aqui hoje, chega a ser desesperador a situação dele, ser ciclista no Brasil já não é valorizado por nosso Governo e população, o mínimo que poderíamos pedir seria que os próprios envolvidos no meio valorizassem os atletas, mas isso não ocorre no nosso País, não sou ciclista profissional, talvez eu nem seja ciclista, mas sou um atleta super dedicado ao esporte que amo, e coisas como essa só vem nos desanimar e fazer com que nosso esporte tão amado fique manchado por atitudes de pessoas que só visam o dinheiro.” Luiz Eugênio (Brasil Ride “Guarini” / Campeão Big Biker Cup)

Comentários

  1. Esse desrespeito se repete há anos, desde antes de 2007, quando a bike de um ciclista acidentado sumiu durante o seu resgate.
    É impressionante como continua nos mesmos erros e o público segue se engalfinhando por lotes “promocionais” que já custam um absurdo, ante a pouca estrutura de uma prova cara é com muitos apoios e patrocínios.

  2. Em 2014 participei do Iron, uma celebração do mountain bike, só que a organização, ou melhor desorganização é gritante, marcação mal feita, eu e vários atletas, erramos o caminho no segundo dia, mesmo assim consegui manter a segunda colocação na minha categoria, fomos os últimos a ser premiados, diga-se de passagem uma merda, já tinha atleta perdido a paciência e ido embora, ficou um pódio pela metade, quando recebemos o “prato”, não tinha mais o suporte, nos mandaram pra todo quanto é lado e ninguém sabia dos suportes, e não esqueçam a inscrição é caríssima, esse ano além da bagunça relatada por vários atletas, ainda deu para ver pelas fotos, um pódio que vai cinco, só tinha lugar para três, é o cúmulo da desorganização

  3. esses que estao criticando poderiam procurar as olimpíadas, mundial, panamericano… provas desse nível…. ou é só Vcs que tem direito de andar de bike.?.. que egoismo…

  4. Bom dia. Todos devem ter direito a andar de bike, inclusive isto deve ser fomentado! Todos que participam de uma prova de mountain bike devem ter direitos iguais, de serem desafiados com as mesmas regras e o mesmo percurso (de acordo com as suas categorias), de ter o mesmo apoio nos PAs, de serem respeitados. A organização deve zelar pelo bom andamento da prova, evitar conflitos de percurso entre atletas iniciantes e demais categorias. Afinal, uma prova deve ser justa para todos.

  5. É isso mesmo, Iron Biker é pra quem só tá interessado em garrafinha, chinelo e a camisa bonitinh. A FMC deveria excluir a prova, e deixar claro que lá é lugar pra quem não tá interessado em resultado, que não se importa em chegar numa boa posição, que tá mais interessado é em ficar fazendo self com medalha de participação…

  6. “Brasil não respeita o ciclismo”, “Não há provas no Brasil para incentivar o esporte”, “‘eles’ não respeitam a gente”, blá blá blá blá. Aí o cara vem reclamar de quem quer tirar selfie com a medalha de participação ou que não está interessado em resultado. Parabéns, baita incentivo pro SEU esporte. Não tenho dúvidas de que a prova teve muitos defeitos, mas a reclamação tem que ser contra a organização e os responsáveis pela prova. Não contra o “não” atleta. É um pensamento pequeno que os coloca no nível da própria organização ou de quem se dopa pra ganhar prova amadora ou de quem não gosta deste esporte.

  7. kkkkk cometário ridículo!! Ninguem começa por cima não, PRO! Se vc é bom mesmo, vai disputar o mundial, olimpíadas. Muita gente na prova quer dizer que o ciclismo brasileiro está crescendo… Comentários como esse, desencorajam muita gente de começar a pedalar. O iron foi top, ciclistas de uma perna completando a prova! Erros pontuais

  8. Muito bem, de certo seria fazer uma prova só pra elite, meia dúzia de gato pingado, se ainda existe prova de mtb no Brasil é porque os tiradores de self pagam pra ir, se não fosse isso não teria evento. Mto mímimi de gente que se acha elite aqui, mas veja o nosso resultado nas olimpíadas e eventos fora do país, vamos respeitar os iniciantes e fazer do mtb uma festa.

  9. Nos anos que eu participei 2014 e 2015 foi a mesma coisa, fiquei em 3º em no primeiro dia ano passado, cancelaram o resultado porque a metade do epssoal tinha cortado caminho. Anularam o resultado e no segundo dia foi a mesma coisa de gente cortando caminho e aqueles engarrafamentos com pessoal do reduzido… não volto mais, apredi a lição.

  10. Lendo o texto e alguns comentários dá pra entender porque o Brasil não vai pra frente. Parece que tem gente que não quer evoluir, que aceita o que é ruim e as injustiças e ainda acham ruim quando alguém reclama, e com razão. Como se ter um evento/produto/serviço de qualidade fosse apenas um privelégio para a “elite”. Acorda minha gente, o que é bom e a justiça tem que ser para todos. E vamos parar com essa mania de culpar e atacar a vítima.

  11. Entendo a decepção do responsável pelo texto, perder não é nada fácil!!! Talvez eu esteja errado..
    Mas esse ciclista que vai em busca de uma garrafinha de um chinelo pode ser a próxima pulga na sua orelha..
    Ele está começando como qualquer profissional, começando por baixo, crescendo aos poucos..
    Quantos depoimentos tem aí… No próximo estou levando mais 5 amigos, e assim vai… Os tops conseguem ganhar esses obstáculos e entender os sinais..

  12. Percurso bem marcado, várias faixas de sinalização.
    O ciclista deve diminuir a euforia durante a prova, ter mais atenção. A equipe do iron bike esta de parabéns.
    Em 2017 presença garantida…

  13. Isso mesmo, amigão. O pessoal tem que andar mais devagar, ficar de boas e dar uma relaxada… Tem gente que vai pro Iron Biker achando que aquilo ali é competição. Sai fora, pelamor… vamos prestatenção, devagar e sempre, e vamo tomar uma cervejinha com os brodi no final. Vamo lá é pra confraternizar.

  14. Falem mal mas falem de mim, é isso que o Iron quer… Não percam seu tempo discutindo por algo que não vale a pena. Todo mundo sabe que lá é todo ano a mesma coisa, a mesma desorganização, centenas de ciclistas errando (cortando) caminho, anulação de resultado, falta isso e falta aquilo… Mas o pessoal continua participando, quem se importa?

  15. Legal esse comentário do Rafael, é bem por ai. Tem que ficar claro o que é o problema em questão e ter foco, senão fica parecendo que estamos condenando a parte boa do evento, que tem justamente a ver com atrair cada vez mais pessoas para o esporte e encorajá-los a participar, etc. Senão fica parecendo mesmo que deveria ser uma coisa só pra elite, isto tem que ser revisto.

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