A 19ª edição do PBP – Paris-Brest-Paris, ocorreu no dia 18 de agosto de 2019. O PBP acontece a cada quatro anos e para participar é necessário qualificar-se com brevets nas distâncias de 200km, 300km, 400km e 600km com a série no ano do PBP. O trajeto de 1.219 km entre Paris e Brest e o retorno até Paris, deve ser concluído em até 90 horas, também há categorias para fazer o percurso em 84 ou 80 horas. Neste ano, participaram do evento 6.668 ciclistas de 66 países e 2.500 voluntários.
Largada do pelotão com as bicicletas especiais no Paris-Brest-Paris 2015, pela primeira vez com representantes brasileiros nas modalidades: Bicicleta Reclinável, Fixa e Tandem (PBP 2015 / SQY)
O Paris-Brest-Paris Randonneur é a prova mais clássica de ciclismo de longa distância do mundo. Apesar disto, a participação brasileira só começou em 1999 com a participação de Kayo Oliveira. Em 2003, Manuel Terra, tornou-se o segundo brasileiro a participar da prova, sendo o primeiro a representar uma equipe brasileira. Em 2007, 16 brasileiros participaram da prova. Em 2011 foram 58 brasileiros.
Em 2015, com o aumento significativo do número de clubes filiados ao Audax Club Parisien (ACP) e o número de brevets randounners, além do crescente interesse pela prática do ciclismo, o Brasil teve a 9ª maior delegação no PBP, com 119 participantes em diferentes categorias. Em 2019, a delegação brasileira ocupou a 10ª posição em número de participantes, com 134 inscritos.
O gráfico da evolução da participação brasileira no Paris-Brest-Paris, mostra o crescimento do número de participantes do país, desde a primeira participação brasileira em 1999 até a última edição de 2019. Apesar do crescimento geral brasileiros nas duas últimas edições e o número absoluto de mulheres se manter em 10 participantes, houve uma diminuição na proporção em relação ao número de homens. (Tripedal.net)
Estatísticas e curiosidades
Dentre os 134 representantes brasileiros no PBP 2019, regionalmente, são 9 do DF, 3 de GO, 11 de MG, 7 do PR, 11 do RJ, 43 do RS, 12 de SC, 36 de SP. Apenas um participante é natural da região norte e um participante é da região nordeste. Integraram a delegação brasileira 2 franceses e 1 colombiano residentes no Brasil. Um brasileiro não residente no Brasil integrou a delegação alemã, outros brasileiros não residentes no Brasil integraram respectivamente a delegação americana e a delegração britânica. A faixa etária média é de 44 anos, sendo o mais jovem com 20 anos e o mais velho 61 anos.
Dentre os brasileiros, 23% são veteranos e 77% participaram pela primeira vez do PBP. O integrante mais experiente do Brasil já participou do Paris-Brest-Paris 3 vezes.
Quanto a participação feminina, 10 mulheres integraram a delegação em 2019, 3 delas são veteranas.
Os brevets considerados mais marcantes pelos brasileiros na Série 2019, foram o Sul BR 1.200 km e o Bage-Punta-Bage 1.000 km.
Na 18ª edição do PBP em 2015, dos 119 inscritos, 56 conseguiram completar o PBP abaixo das 90 horas (48% dos inscritos), 9 completaram fora do tempo. No total, 51,3% completaram o percurso. Ao todo, 86 brasileiros conseguiram ser finalistas do Paris-Brest-Paris no período de 1999 a 2015.
Já em 2019 na 19ª edição do PBP, dos 134 inscritos na delegação brasileira, 126 largaram. Destes, 63,5% (80) completaram o percurso dentro do tempo limite (BRV); 4,75% (6) completaram após o tempo limite (OT) e 31,75% (40) não completaram (DNF). No total, 75,25% (86) conseguiram completar o percurso. O tempo médio geral entre os finalistas foi de 87h39.
Os principais pontos de controle e distâncias de maior desistência dos brasileiros na última edição, foram: Loudéac (445 km) com 20% do total dos que abandonaram a prova, Brest (608 km) e Vilaines (1013 km), ambos com 17,5% das desistências em cada PC, ou seja, 55% dos brasileiros que não completaram a prova abandonaram em um destes 3 PCs. O maior número de desistência foi entre os brasileiros que largaram na categoria para concluir a prova em 84 horas, sendo que 60% destes não completaram o percurso. Já entre os brasileiros na categoria de 90 horas, apenas 36,36% abandonaram a prova.
Washington Pinheiro (Tim), à direita, foi o recordista brasileiro no PBP 2011 (PBP 2015 / ACP)
Pioneiros e recordistas
Em 1999, Kayo Oliveira, tornou-se o primeiro brasileiro a completar os 1.200km da Paris-Brest-Paris. E em 2003, Manuel Terra, tornou-se o segundo brasileiro a participar e concluir a prova, sendo o primeiro a representar uma equipe brasileira: o Clube Audax Brasil. Washington Silva (Tim) completou o percurso em 74h43, tornando-se o recordista brasileiro em 2011. No mesmo ano, Cezar Barbosa foi o primeiro Brasileiro a completar o PBP em uma Bicicleta Reclinável, ele havia participado sem êxito em 2007 e voltou para finalizar em 2011 com o tempo de 87h01.
A primeira mulher brasileira a participar do PBP foi Adriana Cerqueira em 2007, e a primeira a completar foi Simone Barbisan em 2011, com o tempo de 88h08. Silvia Oliveira tornou-se a recordista brasileira em 2015, ao completar o PBP em 83h35.
O francês, David Dewaele é o integrante mais experiente da delegação brasileira, participou de 4 edições do PBP e até 2015 ele foi o único residente no Brasil finalista de 3 PBPs.
Em 2015, Beatriz Folly foi a primeira brasileira a participar em uma bicicleta fixa, e mesmo fora do tempo, foi a terceira mulher a completar os 1.200km do Paris-Brest-Paris nesta modalidade. Darley Cardoso e Júlia Heide, foram os primeiros brasileiros a participar da prova em uma bicicleta tandem, apesar de não terem completado o percurso, tornaram-se os recordistas sul-americanos na categoria, com o tempo de 77’30” nos 1.013 km de Paris-Brest-Villaines, sendo que no mesmo ano, o brasileiro mais rápido a completar a prova foi Guilherme Dienstmann com o tempo de 72h25. Já o brasiliense, Rafael Ferrari da Equipe Pedala Mais, foi o primeiro ciclista a furar o pneu no PBP 2015 😛
Em 2019, Marcos Leon tornou-se o recordista brasileiro com o tempo de 50h51, e entre as mulheres brasileiras, o recorde foi de Ana Deckmann que fechou a prova em 80h52. E pela primeira vez uma dupla brasileira, Darley Cardoso e Julia Heide da Equipe Tripedal.net em seu “retorno de jedi” no PBP, conseguiram finalizar a prova em uma bicicleta tandem, percorrendo os 1.219km em 89h25. E Flavio Oliveira, do Audax Goiás, em uma emocionante chegada com esforço máximo completou a prova faltando apenas 8 segundos para o final da prova, com o tempo de 89 horas, 59 minutos e 52 segundos, sendo levado imediatamente do pórtico de chegada para a enfermaria. Smiling de Oliveira também demonstrou grande perseverança depois que sua bicicleta quebrou, ele já havia desistido e conseguiu com o apoio da organização alugar uma bicicleta e retomou o percurso horas depois de sua parada, foi o ultimo brasileiro a completar o percurso e chegou após o encerramento da cronometragem, às 2 horas da manhã do dia 23/08, mesmo assim havia um membro da organização do PBP a sua espera.
Rafael Ferrari, o primeiro ciclista a furar o pneu no Paris-Brest-Paris 2015 (PBP 2015 / SQY)
O Brasil é um país de muitas diversidades. Nossa extensão territorial é maior que muitos continentes, o que nos proporciona uma grande variedade de clima e altitude. Podemos dizer que de norte a sul, o Brasil possui extremos de calor e frio, umidade e aridez. Nesse contexto repleto de diferenças, estão inseridos muitos randonneurs, os quais diante de muitas dificuldades, ainda assim mantêm o espírito da modalidade vivo e em expansão. Não possuímos estradas adequadas e, ainda enfrentamos uma cultura que não incentiva essa prática esportiva. Mesmo assim ser um randonneur inspira cada vez mais brasileiros, os quais realizam dentro da modalidade muitos sonhos, construindo uma relação de amizade e respeito onde o único objetivo é a superação dos próprios limites.”
Roberto Penna Trevisan – Representante da ACP no Brasil
Brazucas no PBP 2019
Conheça aqui o perfil dos brasileiros inscritos na 19ª Edição do Paris-Brest-Paris que aconteceu entre dos dias 18 a 22 de agosto de 2019.
Confira o vídeo com os melhores momentos da equipe Tripedal.net, pelotão F (bicicletas especiais), no PBP – Paris-Brest-Paris 2019. Com nossas fotos/vídeos e colaboração de amigos.
Coletânea de imagens da equipe no PBP 2019 (Youtube/tripedalnet)
Veja também
» A História do Paris-Brest-Paris
» 19ª Edição do Paris-Brest-Paris
» Brazucas no PBP 2019
» Estatísticas e curiosidades sobre a participação brasileira no Paris-Brest-Paris
» Paris Brest Paris, le retour du jedi
» 8 Segundos, relato de Flavio Oliveira no PBP 2019
» Brevets Randonneurs, o ciclismo de longa distância
» Saiba mais sobre o Paris-Brest-Paris
Fontes e referências
ACP – Audax Club Parisien – Livro do ano 2015 e 2019;
Brazucas no PBP, perfis dos participantes da edição 2019;
Audax do Vale, tempos dos brasileiros no PBP 2015
Do Atlântico ao Pacífico, brasileiros no PBP 2015
Do Atlântico ao Pacífico, participação brasileira no PBP
Randonneurs Brasil, lista de inscritos PBP 2011 e PBP 2019
Excelente reportagem. Parabéns
Oi todo mundo, bom dia.
Eu também vou participar este ano pela primeira vez. Embora morando em Genebra há bastante tempo, sou paulistano e carrego a bandeira do Brasil no quadro da minha parceira.
Meu número é M203.
Muito obrigado pelas informações postadas e excelente pedalada para todos nós!!
ale rizzo
0041 79 2434657
Olá muito boa tarde a todos!
Achei incrível a quantidade de informações sobre a participação brasileira no PBP. Foi de arrepiar lê do cara que chegou faltando 8 segundos 😬. Com tantos dados é possível saber se algum Nordestino já participou ou concluiu esse Desafio?
Abraço a todos e até BREVE(T)
Olá Moab,
Obrigado pelo comentário. Sim a história do Flávio Oliveira é incrível, terminando nos últimos segundos… e olha que ele também passou perrengue com a gente treinando para o PBP, dá uma olhada nesse outro relado que ele fez do BRM 1000Km (https://tripedal.net/relato-do-brevet-cerrado-brm-1000km/). Sobre a sua pergunta, verifiquei nas estatísticas e apenas 1 (um) Nordestino participou nesta edição mas infelizmente não conseguiu ser finisher, aparentemente, abandonou na volta em Villaines com 1000km, lá é um ponto bem complicado da prova e a gente sabe bem disso, já fomos castigados por lá (https://tripedal.net/paris-brest-paris-2015-pbp-prova/).
Eu olho aqui https://www.pbpresults.com/ e não sei onde me encaixo nas vossas estatísticas.
Participei em 2019, sou de Macapá, mas morava em Inglaterra e fiz meus brevets pelo Audax UK. Fiz parte também dos primeiros membros do Clube Audax Brasil que resultou no sucesso de Manuel Terra (eu nem consegui completar o 300 então). Mas a vida tem dessas coisas e pus o que pude nesse relato aqui https://www.strava.com/activities/2723634858 (em inglês).
Olá Alan! Certamente vc está entre os participantes brasileiros, pois uma das fontes foi o PBP Results e no filtro de dados que havia na versão anterior do site do PBP, e também com os dados da revista do PBP 2019. Pelas minhas contas, vc é um dos 2 brasileiros que não foram identificados regionalmente. E com a sua confirmação de que é natural de Macapá, acredito que vc seja o primeiro brasileiro da região Norte a participar do PBP. Gostaria muito de ler o seu relato e se permitir, poderíamos postá-lo por aqui. Obrigado pelo contato.
Inclusive, atualizamos a informação reforçando a participação de um representante da região norte e também quanto a sua participação pela delegação britânica. E agradecemos por permitir a publicação do seu relato por aqui: https://tripedal.net/paris-brest-paris-2019-alan-silva/