O Tour de France acumula uma rica variedade de estatísticas e curiosidades, desde a participação de ciclistas brasileiros e das mulheres no tour feminino. Neste artigo, mergulharemos nessas fascinantes informações sobre a competição.
O Tour de France é a mais prestigiada competição de ciclismo do mundo, considerada a principal dos “Grand Tours”, fundado em 1903 pelo jornal L’ Auto, até este ano já foram 110 edições. O Tour de France é conhecido por suas paisagens deslumbrantes, desafios épicos e histórias inspiradoras ao longo de suas 21 etapas com 23 dias de duração, são percorridos aproximadamente 3.500 km (2.200 milhas) por estradas francesas e países vizinhos como a Bélgica, Dinamarca e Espanha. O percurso muda a cada ano, mas tradicionalmente, desde 1975, a chegada termina ao longo do Champs-Élysées em Paris.
O primeiro vencedor do Tour de France foi do ciclista italiano e naturalizado francês Maurice Garin, em 1903. Naquele ano, 90 dos 108 ciclistas inscritos aparecem na largada, que quase não aconteceu por falta de interessados. E dentre os finalistas, Garin superou 60 competidores para se tornar o campeão inaugural da competição. Naquela época, o percurso era inferior a 2.500 km e foi percorrido em 6 etapas. A velocidade média era de cerca de 25 km/h. Os primeiros anos foram de constantes mudanças de percurso, regras e outros desenvolvimentos organizacionais. Desde então, o Tour de France tem sido realizado anualmente, com exceção de algumas interrupções durante as guerras mundiais.
O ciclista com a menor soma do tempo total, no final de cada dia veste a camisa amarela, representando o líder da classificação geral e ao cruzar a linha de chegada na última etapa será considerado o campeão do tour. Já o ciclista que vence o maior número de etapas, e portanto soma o maior número de pontos veste a camisa verde. Há também uma classificação para os melhores escaladores, ou seja, a classificação de montanha que é representada pela camisa de bolinhas, e também, uma classificação para os ciclistas jovens, com idade até 25 anos, cujo lider veste a camisa branca.
Os Ciclistas franceses ganharam a maioria dos tours; 21 ciclistas ganharam 36 etapas entre eles. Os ciclistas belgas estão em segundo lugar, com dezoito vitórias, e os ciclistas espanhóis estão em terceiro lugar com doze vitórias. Quanto à vitórias de etapas, os ciclistas franceses também acumulam o maior número de vitórias em etapas no Tour de France, sendo responsáveis por cerca de 715 vitórias ao longo da história da competição. Em segundo lugar, encontra-se a Bélgica, com aproximadamente 488 vitórias em etapas no Tour de France. E em terceiro lugar, está a Itália, com cerca de 242 vitórias em etapas.
Eddy Merckx, Bernard Hinault, Jacques Anquetil, e Miguel Indurain, são os mais vitoriosos com cinco tours cada. Indurain é o único homem a ganhar cinco tours consecutivos. Henri Cornet é o mais jovem vencedor, ele venceu em 1904, pouco antes de seu 20º aniversário. Firmin Lambot é o vencedor com maior idade, tendo completado 36 anos e 4 meses de vida, quando ganhou em 1922. Enquanto que Stuart O’Grady da Austrália, George Hincapie dos Estados Unidos e Jens Voigt da Alemanha, são os ciclistas com maior número de participação no tour, eles empatam tendo participado em 17 edições.
Considerado o maior campeão de todos os tempos do Tour de France, o ciclista belga Eddy Merckx, que venceu a competição em cinco ocasiões. Conquistou o título do Tour de France nos anos de 1969, 1970, 1971, 1972 e 1974, estabelecendo-se como um dos maiores nomes do ciclismo de todos os tempos, com algumas estatítiscas que impressionam até os dias atuais, que mantêm-se como recordista de mais dias liderando o tour com a camisa amarela, totalizando 111 dias. E também como o ciclista com mais vitórias em etapas, ao lado de Mark Cavendish, com 34 vitórias cada um. Eddy Merckx também é um dos três maiores redordistas de vitórias de etapas no mesmo tour, com 8 vitórias nos tours de 1970 e 1974. Em 1969, Eddy Merckx terminou o Tour com as camisas amarela, verde e de bolinhas. E nos anos de 1971 e 1972, Eddy Merckx também manteve a camisa verde, vencendo a classificação por pontos.
O polêmico ciclista dos Estados Unidos, Lance Armstrong, foi vencedor de sete tours consecutivos entre 1999 e 2005, mas descobriu-se que ele havia se envolvido um elaborado caso de dopping com uso de drogas para melhorar o desempenho esportivo durante o tour, e por isto, foi despojado desses títulos em outubro de 2012 pelo União Ciclística Internacional (UCI).
O carismático e habilidoso ciclista eslovaco, Peter Sagan é o recordista da camisa verde, com 7 vitórias na classificação por pontos, de 2012 a 2016 e em 2018 e 2019. Enquanto que o maior número de vitórias no prêmio de montanha é do francês Richard Virenque que venceu a classificação da camisa de bolinhas 7 vezes, nas edições do tour dos anos de 1994 a 1997, em 1999, 2003 e 2004.
Participações Brasileiras
Apesar do ciclismo de estrada não ser um esporte tão popular no Brasil, o país já teve algumas participações notáveis no Tour de France. O principal destaque até hoje é do ciclista Mauro Ribeiro, que venceu a 9ª etapa do Tour de France de 1991, realizada entre Alençon e Rennes no dia 14 de julho, data comemorativa da queda da Bastilha e feriado nacional. Outra participações de ciclistas brasileiros fora a de Murilo Fischer, que competiu na prova entre 2006 e 2012, e André Cardoso, que competiu em cinco edições do Tour, de 2011 a 2015.
Tour de France Feminino
Deste 1955 que ocorreram tentativas de fazer a edição do Tour Feminino, com longas interrupções, mudanças de nomes e formato. Finalmente, em 2022 foi criado o Tour de France Femmes (Tour de France Feminino) uma vez que o ciclismo tem crescido em popularidade e importância ao longo dos anos, proporcionando às ciclistas uma plataforma para demonstrar o seu talento e auxiliado na inclusão feminina no esporte. O Tour Feminino acontece em um formato semelhante ao do Tour masculino, em um formato reduzido mas com várias etapas desafiadoras que testam a resistência e a habilidade das atletas. Ciclistas como Marianne Vos, Annemiek van Vleuten e Anna van der Breggen conquistaram múltiplas vitórias no Tour Feminino, deixando sua marca na história do ciclismo feminino.
Montanhas Míticas
Algumas montanhas do Tour de France adquiriram um valor quase mítico, seja porque são frequentemente incluídas na competição, seja pelas disputas lendárias ou dramáticas ou pelo árduo esforço que deve ser feito (tanto subindo como descendo). Uma dessas montanhas é o “Tourmalet” que foi a primeira montanha a ser incluída no tour em 1910.
Com seus 2.645 metros o “Col du Galibier” é um dos gigantes alpinos. A montanha holandesa “Alpe d’Huez” é daquelas que se pronuncia com “respeito” pelos seus 1.865 metros, que apesar de não ser uma das mais altas, certamente é uma das mais difíceis; com suas 21 curvas fechadas, incluindo a curva holandesa número 7 e partes muito íngremes, ela é sempre um grande desafio.
Na região de Provença encontra-se o famoso “Mont Ventoux” que só foi incluído no tour algumas vezes, e já se tornou épico desde as primeiras escaladas. Algumas outras montanhas famosas do tour são o “Col de Aubisque” e o “Puy de Dome”.
Momentos Marcantes e Grandes Perdedores
Para sempre escrito em letras maiúsculas; Wim van Est foi o primeiro holandês a vestir a camisa amarela – em 1951. Um dia depois, ao descer o “Aubisque”, caiu na ravina – cerca de 70 metros de profundidade. Ele foi içado por uma corrente de pneus de bicicleta e saiu ileso, mas seu tour acabou ali. Um detalhe interessante deste episódio, foi que os fabricantes da marca de bicicleta que ele usava fizeram um slogan publicitário e ficaram mundialmente famosos. Seu nome está em uma placa imortalizada na montanha.
Em 1975, quando Eddy Merckx começou o Tour de France daquele ano um tanto doente. Merckx se esforça em uma dura escalada na busca do seu compatriota “van Impe”, quando é repentinamente atacado por um espectador e leva um soco nos rins. O belga perdeu tempo e cruzou a linha de chegada vomitando. Ele não venceria o Tour daquele ano, mas conseguiu identificar o autor do crime.
Quando o italiano Fabio Cassartelli morreu durante o Tour de 1995 em uma queda na descida do Col de Portet d’Aspet, Lance Armstrong ao vencer uma etapa dois dias depois com um pequeno grupo. Pouco antes de cruzar a linha de chegada, ele apontou para o céu com os dois dedos indicadores em homenagem ao falecido companheiro de equipe e amigo.
No Tour de 2003 ocorreu uma icônica disputa na 9ª etapa, de Bourg d’Oisans a Gap, Alexander Vinokourov do Cazaquistão estava na frente, seguido pelo espanhol Joseba Beloki e Lance Armstrong. Quando Beloki perdeu o controle e escorregou no asfalto na frente de Armstrong, a 65 km por hora, Lance Armstrong desvia do italiano de forma vertiginosa e sai da pista pedalando na terra. Lance que liderava o tour com camisa amarela, então desce da bicicleta, pula uma vala, sai correndo e se junta a um grupo de perseguidores. Lance Armstrong terminou a etapa em segundo e conquistou sua quinta vitória no tour.
Durante o período do Tour de France que ficou marcado como “a era Lance Armstrong”, incialmente pelas consecutivas e sobre-humanas vitórias do ciclista americano, o ciclista alemão Jan Ullrich, que venceu o Tour de France pela primeira vem 1997, tornou-se o maior rival e “vice” de Armstrong. Ullrich foi 5x segundo e 1x terceiro. No entanto, ele relutantemente admitiu também ter usado dopping durante sua carreira no ciclismo.
O Tour de France também ficou manchado neste período, apelidado de “tour do dopping”. Em 1998, antes do início da rodada, um zelador da equipe francesa Festina foi preso com grandes quantidades de EPO em seu carro. A Festina juntamente com a equipa holandesa TVM e todas as equipes espanholas foram expulsas do Tour. Nos anos que se seguiram a dopagem era comum no Tour de France. Em 2006, o americano Floyd Landis foi desclassificado por uso de dopping. Um ano depois, a equipe holandesa Rabobank mandou embora o então camisa amarela dinamarquês Michael Rasmussen. Em 2012, o espanhol Alberto Contador foi suspenso por dois anos, assim como o luxemburguês Frank Schleck, que assumiu a camisa amarela do suspenso Contador.
Já na era moderna do ciclismo, em 2016 houve um acidente que jamais será esquecido durante a subida ao topo do Monte Ventoux, o trio que liderava a fuga com o australiano Richie Porte, o inglês Chris Froome e o holandês Bauke Mollema, colidem com uma motocicleta e os três caem. Mollena rapidamente pega sua bicicleta e Porte o segue, enquanto que Chris Froome com a bicicleta quebrada começa a subir a montanha correndo, cruzando a linha de chegada mais tarde com outra bicicleta. A comissão técnica da prova mais tarde anotaria todos os três tempos com a chegada de Bauke Mollema, deixando Froome com a camisa amarela e não com o seu compatriota Adam Yates, que disputava a liderança da classificação geral e havia completado a etapa antes de Froome.
Não é a toa que o Tour de France é um dos eventos esportivos com uma audiência global que ultrapassa os 3,5 bilhões de pessoas. O tour é muito mais do que uma simples competição de ciclismo. É um evento que une fãs de todo o mundo em torno de sua paixão pelo esporte e pela superação humana. Com seus momentos épicos e histórias inspiradoras, o Tour de France cativa e encanta os amantes do ciclismo em todo o mundo.
Fontes
Wikipedia: Vencedores e Recordistas do Tour de France
Cheapskate Travel: Achtergrondinformatie – Frankrijk “Tour De France”