O futuro do esporte no Brasil após o ciclo olímpico

Para onde irá o esporte brasileiro após os Jogos Olímpicos?

Gideoni Monteiro no Velódromo Rio 2016
Gideoni Monteiro no ciclismo de pista na Rio 2016 – Foto: Saulo Cruz/COB
A Rio 2016 chegou ao fim. Agora começaremos a avaliar o impacto do evento e da chamada década esportiva no Brasil.
As cerimônias de abertura e encerramento, assim como o dia a dia dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, ganharam destaque. A opinião geral foi de que o Brasil apresentou ao mundo um grande evento. Com alguns problemas, sim. Mas, com a certeza de que superou as expectativas mais pessimistas.
Em termos de medalhas, ficamos em 13º lugar no total de medalhas olímpicas e em 8º lugar nos Jogos Paralímpicos. Em ambos os casos terminamos abaixo das ousadas metas de 10º e 5º colocados, estipuladas respectivamente pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Apesar disso, o balanço geral para o esporte de alto rendimento pode ser considerado positivo: tivemos nosso melhor desempenho até hoje nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, com medalhas em novas modalidades, como tênis de mesa, hipismo e canoagem.
Acreditamos, no entanto, que não devemos medir o desempenho coletivo do Brasil nesta edição apenas pelo número de medalhas. O projeto de esporte olímpico que foi iniciado na última década, contando com fortes investimentos privados e públicos, precisa ser continuado e analisado em médio prazo, para além da Rio 2016.
Avançamos em algumas pautas políticas que beneficiaram diretamente o esporte durante o período: o reconhecimento do esporte como meio de ação social pelo CONANDA (Ministério da Justiça); a criação da Lei Agnelo Piva de fomento ao esporte olímpico, paralímpico, escolar e universitário; criação da Lei do Estatuto do Torcedor; Lei do Bolsa Atleta; renovação da Lei de Incentivo ao Esporte e a alteração do artigo 18-A da Lei Pelé, apresentando instrumentos para profissionalização e transparência da gestão esportiva nacional, sendo esta última ação um resultado direto da mobilização realizada pela Atletas pelo Brasil.
São avanços que devemos celebrar, acompanhar e, principalmente, aprimorar. Ainda temos muito trabalho pela frente. Em 2011, a Atletas pelo Brasil apresentou, para a então presidente Dilma Rousseff, uma proposta de legado esportivo dos megaeventos, uma agenda positiva com dois pontos centrais: a importância do fomento ao desenvolvimento de políticas públicas capazes de tornar o esporte acessível a todos os brasileiros e a urgente revisão do Sistema Esportivo Nacional. Até o momento, apesar dos esforços continuados de nossos atletas associados, nenhuma das duas reivindicações foi endereçada satisfatoriamente.
Em contraposição aos pequenos avanços alcançados, o cenário atual do esporte no país não inspira otimismo. De acordo com dados da Associação Brasileira de Secretarias Municipais de Esporte e Lazer – ABSMEL, em cerca de 2.000 dos 5.570 municípios do Brasil, o esporte não possui orçamento definido. Em 2016, cinco estados já extinguiram suas secretarias estaduais de esporte, em geral por meio de rebaixamento a um departamento de outra secretaria. O anúncio da proposta orçamentária do Ministério do Esporte para 2017 também preocupa. Divulgada pelo Governo Federal no dia último dia 12 de setembro, a proposta traz redução de 55% das verbas para o esporte de rendimento e 49% para os programas de esporte comunitário.
Não seremos uma nação ativa e verdadeiramente olímpica sem investir recursos e esforços no desenvolvimento do esporte educacional, bem como garantindo o acesso a prática esportiva para nossa população. Para isso, as políticas públicas de esporte que foram iniciadas na última década devem ser continuadas e ampliadas. Temos que unir o setor esportivo e defender o esporte, este fator fundamental de desenvolvimento humano e social. Só assim poderemos colher os benefícios do esporte na educação, na saúde preventiva e no desenvolvimento econômico do Brasil.
Atletas pelo Brasil
 

Referências:

Atletas pelo Brasil | ZDL Comunicação

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