A pedido do Tripedal, vou contar a minha experiência no Caminhos de Rosa com a Gravel.
Alexandre Silvano e sua Gravel Bike na Caminhos de Rosa (Arquivo Pessoal)
Em primeiro lugar, utilizo uma SPZ Diverge DSW 2017. É uma Gravel mais raiz e conta com relação 105 de speed (k7: 10×34, 48-32T) com garfo de carbono.
Eu já havia feito a prova em MTB em 2016 e lá conheci o André Zunzum e ficamos amigos. No ano seguinte, o André me mostrou o post do George Volpão que falava sobre Gravel. Como eu já tinha comprado a minha e estava pedalando, e como um louco puxa o outro, fui “convencido” pelo André a participar do Caminhos de Rosa na Gravel. Ele disse: “Se você participar eu abro uma categoria !” Pronto ! Lá estava eu !! (E mais ninguém de Gravel)
A prova começa em Três Marias e segue até Cordisburgo. São 300 km e o piso é ideal para as Gravel. Muito estradão, areia e poeira… muita poeira. Os pneus da Gravel (700×30) ajudam demais, principalmente porque há trechos com uns 20 cm de poeira e esses pneus conseguem “cortar” esse obstáculo. Como já tinha ido no ano anterior, conhecia os tipos de solo e já sabia da grande presença de areia. Sim, muita areia porque o circuito passa por muitas fazendas de eucalipto, que consomem muita água e como consequência as estradas viram areais. Não tem como passar no cantinho, pegar atalho… tem que passar pela areia mesmo ! Eu já sabia disso e quando começou o trecho (deve ter sido uns 20 a 30 KM) esvaziei bem os pneus. Ainda sobre o piso, as intermináveis costeletas são a tortura da prova. Mas depois de 70km você está acostumado ao sofrimento.
Sobre a altimetria, não há muito o que se preocupar. Pequenos morros e apenas uma serra de uns 8km. O problema dessa serra é que ela é após o km 250, e você já está bem moído. Nessa hora, Gravel com relação de speed como a minha, sofre e sofre bem.
As novas Gravel tem suspensão (Future shock na SPZ e Oliver nas Cannondale). A minha tem o garfo de carbono que utiliza sua deformação natural para aliviar os baques. Sobre esse assunto pude experimentar 3 situações: De MTB estava com uma 130, na diverge estava com o garfo de carbono e ano passado fiz na slate com a suspenção lefty oliver. Quer um conselho sério? Sofre de qualquer jeito!! O mais indicado é fazer bastante trabalho na academia (A famosa rodinha do mal!). Entre as Gravel, mesmo com suspensão achei a Slate inferior à Diverge, tanto é que agora só tenho a spz.
Agora falando da prova, digo que é uma aventura que o ciclista vai experimentar raríssimas vezes. Sai de 3 Marias e corta o sertão descrito nos livros de Guimarães Rosa. Para quem já leu algum livro dele vai se identificar imediatamente. Poeira, boiada, cavaleiros… tudo como nos livros. Não sou elite e portanto nunca cheguei no próprio sábado. No meu ritmo, você vai pedalar de 7 da manhã do sábado até umas 7 ou 8 da manhã do domingo. Os PC’s são bem localizados e peculiares, pois são servidos de balas jujuba à Macarrão. O cenário é lindíssimo, mas como é uma prova de 300km, você normalmente pedala em pequenos pelotões e muitas vezes sozinho. A cabeça tem que estar preparada. No meu caso, tive momentos em que parecia escutar outro ciclista, mas na verdade o barulho era da minha própria bike!
No meio do caminho tem um PC importante, em Morro da Garça. Lá é possível pegar o seu bag (Deixado na organização antes da prova). Como já sabia do que me esperava, meu bag tinha suplemento, material de limpeza da relação da bike, roupas e iluminação. É importante se lembrar que você talvez passe a noite, ou parte dela pedalando. Portanto esteja em mente que vai enfrentar uma amplitude térmica que vai de 40 graus de dia até uns 10 à noite. E os faróis e baterias reserva são necessários pois terão que aguentar umas 10 a 12 horas.
Anoitecendo após Morro da Garça (Arquivo pessoal)
No fim da prova, você chega dentro da cidade de Cordisburgo. É uma festa diferente dessas que vemos nas provas usuais de ciclismo. Os atletas chegam com muita diferença entre eles e não há toda aquela multidão que sempre temos nas outras provas. É natural pessoas chegarem emocionadas, extasiadas, estafadas… dá de tudo. Depois, na manhã de domingo, há a festa da vitória onde a sua posição realmente é o menos importante.
Alexandre Silvano, campeão da categoria Gravel na Caminhos de Rosa 2017 (Arquivo pessoal)
Meu histórico técnico:
2016 – Audax Full Carbon – Cheguei 6 da manhã – 27º Geral
2017 – SPZ Diverge – Cheguei 9 da manhã – 1º categoria Gravel (Só tinha eu e o problema é de quem não foi ! :P)
2018 – Cannondale Slate – Cheguei 8 da manhã – 2º categoria Gravel
2019 – Não sei se vou de bike ou dessa vez vou correndo… ou se vou fazer as duas coisas!! (Alguém me patrocina ?!?! kkk)
Aos poeirentos de primeira viagem, meu e-mail é
as******@gm***.com
Dicas Grátis!!
Recomendo a todos aqueles apaixonados pelo ciclismo e por desafio a fazerem o Caminhos de Rosa. Já fiz percursos incríveis de bike, mas não há nada que se compare a esta prova!
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Muito legal seu depoimento Alexandre. Confesso que me bateu um certo entusiasmo para fazer esse Caminho das Rosas uma hora dessas. Estive em Codisburgo recentemente participando de um pedal ( moro em Vitória/ES) e a paisagem é realmente muito legal. Sobre sua bike gravel, um pneu 700×42 como tenho em minha Sequoia Expert, talvez judiasse menos dos seus braços do que o utilizado em sua Diverge.
Grande abraço e parabéns pela aventura.