Foram sete anos sete meses e alguns dias para realização de um sonho!

Miqueias Gois, um Chorão do Cerrado na Estrada Real (Arquivo pessoal)

Sim, isso mesmo, em meados de maio de 2013 alguns colegas de trabalho cogitaram realizar a Expedição Ciclística da Estrada Real. Eu não tinha a concreta dimensão de como seria um projeto dessa magnitude, não tinha nem mesmo equipamentos, roupas e outros acessórios para uma jornada dessas, mesmo assim disse toparia a expedição. Infelizmente aos poucos o projeto acabou não saindo do papel, mas desde então sempre quando tinha oportunidade de conversar sobre cicloviagens eu citava a Estrada Real como um dos meus objetivos pessoais como ciclista amador.

Em fevereiro de 2020 quando participava de uma prova de ciclismo de longa distância na companhia do casal Tripedal @DarleyCardoso e @JuliaHeide,o assunto Estrada Real entrou em pauta e depois de quase um ano depois, aqui estou para relatar um pouco da experiência dos incríveis nove dias de pedal pela Estrada real.

Miqueias com a dupla do Tripedal próximo à divisa entre os estados de MG e SP (Arquivo pessoal)

O deslocamento foi em duas etapas de Brasília para Ouro Preto (MG) com pausa para dormir em Três Marias, a bordo do nosso veículo de apoio sob o comando do Marcos Gois (Equipe Chorões Multisportes).

Uma quarta-feira de janeiro, por volta das 13h30 iniciamos nossa jornada, após alguns kms de subida acessamos a primeira trilha do caminho velho da Estrada Real e também surgiram os primeiros desafios, árvores caídas, galhas, lama, pedras molhadas e escorregadias formam alguns obstáculos desse primeiro dia, que fechamos com “chave de ouro” ficando no escuro perdidos em um milharal (arado e plantado no meio de uma mata sobre o percurso da Estrada Real) onde mesmo com o tracklog, GPS e celular usando o maps foi complicado achar a rota para seguir, nesse momento foi colocado em xeque o autocontrole da equipe, que após encontrar a rota ainda mais um susto com uns Rottweilers na trilha pra finalizar a etapa.

Obstáculos naturais, desmoronamentos e trilhas fechadas dificultaram a travessia (Arquivo pessoal)

Nosso segundo dia, iniciamos o pedal bem mais tarde do que o planejado, e por consequência não conseguimos chegar no local planejado. Uma chuva forte no final da tarde, quando faltava aproximadamente 20 km para o destino, fez a equipe mudar de ideia e encerrar o dia em São Brás do Suaçuí (MG).

Alguns obstáculos naturais nos levaram a utilizar um dia extra, nosso “dia coringa”, entre o segundo e quinto dia de pedal, pois cada dia que passava acabávamos ficando em uma cidade anterior à programada. Nem por isso a jornada ficou menos empolgante e descontraída, pois cada subida, cada paisagem, lama e até mesmo a chuva, fazia a expedição ficar melhor que o planejado e colocar à prova nosso senso de humor e nossas condições físicas e psicológica.

Desafios do clima e de altimetria durante todo o percurso (Arquivo pessoal)

Alguns problemas mecânicos também fizeram parte dessa expedição como quebra na corrente, problema na gancheira e por último um freio travado foram alguns dos perrengues da equipe, mas que foram contornados na medida do possível e vida que segue.

Após nove dias, 714 kms rodados, mais de 14000 m de ganho de elevação é hora de dizer que conseguimos. Sim, o Caminho Velho da Estrada Real foi concluído com sucesso. E mais do que isso, tinha um Chorão do Cerrado como membro da expedição.

Miqueias com o irmão Marcos Gois em Lagoa Dourada/MG (Arquivo pessoal)

Gratidão a Deus pela vida, pela esposa e filhos que tenho e pelo apoio espetacular prestado pelo meu irmão Marcos Gois, sua ajuda fez toda a diferença em nossa aventura.

“Seja feliz” (Arquivo pessoal)

Para o futuro, só posso desejar que venham as próximas expedições tão desafiadoras como essa.

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