Expedição Estrada Colonial do Planalto Central

A Expedição Tripedal Estrada Colonial do Planalto Central oferece uma experiência única e desafiadora, desempenhando um importante papel na promoção da pesquisa, cicloturismo sustentável, integração com a natureza, preservação de sítios históricos, fortalecimento da cidadania e geração de conhecimento multidisciplinar.

A Estrada Colonial do Planalto Central refere-se a um percurso elaborado a partir de trilhas indígenas pré-coloniais e caminhos coloniais do século XVIII que conectava a primeira capital brasileira, Salvador, à Vila Boa de Goiás (Cidade do Goiás) e a Vila Bela de Santíssima Trindade no Mato Grosso.

Este percurso faz parte da “Picada da Bahia”, registrada em documentos de 1732, que cortava o Brasil de leste a oeste com cerca de 3.ooo km de distância. E ainda no período colonial, tornou-se uma importante Estrada Real com a finalidade de escoar o ouro das minas de Goiás e Mato Grosso e transportar mercadorias do litoral para a região aurífera.

No Planalto Central, principalmente no quadrilátero do Distrito Federal, a estrada atravessava a parte norte do extremo leste à oeste do quadrilátero, em um percurso de aproximadamente 160 km, desde o Registro da Lagoa Feia no Arraial dos Couros (Formosa) até a Vendinha (Brazlândia), passando pelas Águas Emendadas, Mestre D’Armas (Planaltina), Sobradinho, Registro da Contagem (Reserva da Contagem, próximo ao Colorado e Sobradinho II), pela região da atual Fercal e do Parque Nacional de Brasília, seguindo pela Chapada do Roncador (ou Rodeador) até Brazlândia para retornar ao Goiás rumo à Girassol, Cocalzinho e o povoado de Meia-Ponte (Pirenópolis).

Segundo estudos na região de Formosa e do Distrito Federal, existem importantes sítios arqueológicos com datações de 12.000 anos da presença humana na região, desde comunidades de agricultores-ceramistas à coletores-caçadores, com predominância de nações do tronco linguístico Macro-Jê, indígenas guerreiros e hábeis caçadores que transitavam por este território.

Assim, o percurso desta expedição foi levantado a partir do cruzamento de dados atuais com mapas e cartas de rotas de viajantes do período colonial, tendo como referência primordial os trabalhos do historiador Paulo Bertran (1948-2005), que se dedicou à (pré)história da região central do Brasil, especialmente da localidade onde viria a se instalar Brasília.

Através da análise destes documentos que apontam alguns importantes sítios históricos que ainda podem ser reconhecidos ao percorrer a Estrada Colonial do Planalto Central, e também segundo afirmações de ciclistas do tradicional grupo Rebas do Cerrado que participaram das primeiras expedições há algumas das localidades apontadas por Paulo Bertran na Carta do Urbano, pode-se destacar:

  • Reserva Biológica Águas Emendadas, trata-se do triplo divisor de águas que contribuem para as principais bacias hidrográficas brasileiras, do Amazonas, Paraná e São Francisco. Situada na Chapada do Piriripau, local onde o Visconde de Porto Seguro indicou para situar a capital do Brasil, em 1877;

  • Poço Fundo, poço isolado de águas verdes próximo à Planaltina de Goiás. Originado de prováveis desmoronamentos de cavernas, possuí uma formação geográfica interessante, foi citado no Roteiro do Ouro do Urbano, entregue à rainha-regente D. Mariana de Portugal em 30 de julho de 1750 como “um poço sem alcance de fundo, verde cor de mar, que não seca nem vaza”;

  • Vales do Rio Maranhão, região das últimas comunidades indígenas remanescentes no território do Distrito Federal na época da Missão Cruls (1892);

  • O ponto que cruza o Tratado de Tordesilhas, no meridiano 48° 35’ 25” Oeste, que dividiu as terras da América entre Portugal e Espanha em 1494;

  • Pico do Roncador, o ponto mais alto do Distrito Federal, com 1.349 metros, localizado na Serra do Sobradinho, assim como a Chapada do Rodeador ou Chapada do Roncador fazem parte da área de proteção ambiental (APA) da Cafuringa;

  • Povoados do Córrego do Ouro (DF), Baixa do Rio Verde (GO) e Mamoneiras (GO), este último do Século XVIII. As cidades goianas, como Formosa e Cocalzinho, além da histórica e turística Pirenópolis, fundada em 1730;

  • Fazendas e as pessoas do cerrado, como o Engenho de Sr. Valdemar, a Fazenda Desterro do Sr. Walter e a Fazenda Benedito de Sr. Alípio, esta última com rio e cascata límpida. Sendo que os três são moradores da região antes mesmo da construção de Brasília;

  • Parque Estadual dos Pireneus, entre Cocalzinho e Pirenópolis, onde é possível subir até o mirante no Pico dos Pireneus.

Veja também

» Expedição Vão do Paranã
» Expedição Caminho de Cora
» Expedição Chapada dos Veadeiros
» Expedição Estrada Real
» Saiba mais sobre as Expedições Tripedal

Referências:

  • Paulo Bertran: História da Terra e do Homem no Planalto Central, Brasília. Editora Verano, 2000.
  • Robson Eleutério: Caminhos e Descaminhos no Brasil Central, A História da Região do DF. Brasília, Editora Teixeira, 2018
  • Centro Cultural da Câmara dos Deputados do Distrito Federal: Estrada Colonial do Planalto Central,
    Disponível em: https://www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/ cultura-na-camara/historico/historico-de-paginas/estrada-colonial-do-planalto-central – Acesso em Dezembro de 2023
  • Rebas do Cerrado: Estrada Colonial do Planalto Central,
    Disponível em: https://www.rebasdocerrado.com.br/indexInterno.php? url=artigos/textos/estrada_colonial.htm – Acesso em Dezembro de 2023

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