O Guarini

Foi assim que percorri pouco mais 37.980km pra passar pelo teste de iniciação dos Guarinis. Cada edição da Brasil Ride tem aproximadamente 660km, mas para pedalar esses 660km durante a prova, você precisa treinar pelo menos uns 12.000km, em média. Então, para se tornar um Guarini, você tem que fazer isso umas 3 vezes.
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Com Leandro Cavalo na Maratona da Brasil Ride 2014 (Arquivo)
Minha saga na Brasil Ride começou há 4 anos, quando fui pela primeira vez na maratona (etapa que acontece no 7º dia concomitante com a última etapa da ultramaratona), fui alguns dias antes para conhecer um pouco mais da prova e seus percursos, na época a prova acontecia na Chapada Diamantina que exigia maior nível técnico. A experiência foi avassaladora, e realmente foi uma etapa em minha vida, voltei com outra mentalidade sobre o esporte e a preparação que eu deveria fazer para participar da prova.
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Com Marcelão Barbacena e Márcio Monteiro na Brasil Ride 2015 (Sportograph)
No ano seguinte, fui para completar a prova, apesar da inexperiência neste tipo de competição, eu estava bem preparado e tive a sorte de ter ótimos parceiros, e de participar da última edição da Brasil Ride na Chapada Diamantina. Nosso resultado foi excelente, andamos forte, conquistamos uma boa classificação, aprendi e evoluí muito participando da ultramaratona.
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Com Romeu Franciosi e Normando Chimarrão na Brasil Ride 2016 (Sportograph)
Em 2016 a Brasil Ride foi para o Costa do Descobrimento, em um novo território com outro tipo de desafio, a prova foi muito dura, acredito que foi uma das edições mais difíceis quanto a exigência física, se na Chapada o nível técnico era preponderante assim como suportar o calor seco e as pedras, em Guaratinga o calor úmido das florestas de cacau e a altimetria acumulada exigiram muito dos atletas. Foi um ano de abertura de percursos na região, com muito empurra-bike e um outro estilo de prova. Felizmente meus parceiros nesta edição sobravam em senso de humor, o clima de amizade e a “zueira” ajudou a concluírmos todas as etapas.
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Com Robert Bauer na Ultramaratona da Brasil Ride 2017 (Sportograph)
Este ano (2017) o meu objetivo principal era completar a “tríplice coroa”, ou seja, me tornar um “Guarini” – no Tupi antigo significa guerreiro; indígenas que lutavam bravamente em todas as situações. Na Brasil Ride, Guarinis são atletas que concluíram pelo menos 3 vezes a ultramaratona – mas primeiro eu precisara conseguir um parceiro, depois de muitas idas e vindas, eu já havia desistido de ir este ano, até que na última hora apareceu um que estava na mesma situação que eu. Por sorte, arrumei mais um amigo para enfrentarmos uma Brasil Ride mais adaptada à Costa do Descobrimento. Encontramos uma prova diferente da edição passada, com mais fluidez, ficou mais fácil e ao mesmo tempo continuou dura.
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Largada do Prólogo (1º etapa) com os parceiros de 2016 vs os parceiros de 2015 (Sportograph)
Eu preferia a Brasil Ride na Chapada Diamantina, sempre me perguntam isso. Era melhor em alguns aspectos, trilhas melhores, mais técnicas, uma região mais selvagem e uma prova com etapas épicas, como o famoso e temido “Vietnã”. Mas também haviam problemas na região de hiperinflação, infra-estrutura, logística e burocrácias que prejudicavam a prova naquela região. E na Costa do Descobrimento, do Arraial D’Ajuda à Guaratinga, a Brasil Ride enfrenta problemas, mas está provando que consegue se adaptar, acho que foi este o legado desta edição, e que pode até se tornar uma competição itinerante, continuando a ser um grande desafio para quem testar suas capacidades e limites no mountain bike entre os melhores atletas do mundo.

22815609_742777439247308_8424832905421114189_nAs altas montanhas, as nuvens, as catadupas, os grandes rios, as árvores seculares, serviam de trono, de dossel, de manto e cetro a esse monarca das selvas cercado de toda a majestade e de todo o esplendor da natureza.”
O Guarani de José de Alencar

 

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